Quando estamos na véspera do 5º jogo entre Roger Schmidt e Rúben Amorim há já algumas certezas do que as duas equipas vão apresentar amanhã, no Estádio da Luz. Os treinadores do Benfica e do Sporting são homens confiantes nas suas ideias, já com provas dadas e, por isso, raramente fogem ao plano A.

Empatados

Nos 4 capítulos desta rivalidade que opuseram estes dois homens o marcador mostra um empate exato:

1 vitória do Benfica (2-1)

1 vitória do Sporting (2-1)

2 empates a 2 bolas

Assim, é legitimo concluir que ambos têm sido capazes de ferir o outro. Uma conclusão nada surpreendente pois há 2 propostas de jogo diferentes e que não encaixam em quase nada. Isso é bom para os adeptos (jogos com muitos golos) mas, como quase sempre, uma dor de cabeça para os treinadores.

Eu já explorei muito, em outros artigos fáceis de encontrar no site para quem estiver interessado, a questão da superioridade que o Sporting consegue criar na linha de 4 defesas do Benfica. Vejam, por exemplo, este post – O desafio tático do derby

Saída de bola

No entanto, nunca escrevi muito, neste duelo Amorim-Schmidt, sobre um detalhe que ocupa muito do que é o pensamento do futebol contemporâneo – a 1ª fase de construção.

Também aqui há uma diferença (como em quase tudo): o treinador português não abdica de uma primeira linha de 3 homens na saída de bola, e o alemão, menos dogmático, e mais aberto a uma saída mista, ora com 2 ou com 3 defesas. Mas, na 1ª mão da eliminatória que se resolve amanhã, o Benfica saiu, muitas vezes, apenas por Otamendi e António Silva. Como se pode ver nas duas imagens exemplificativas seguintes:

Isto parece-me um erro claro, ideia essa que é corroborada pela abordagem de Sérgio Conceição, o treinador com melhores resultados frente a Rúben Amorim, que tem sempre 3 homens na saída de bola. O FC Porto, nos jogos contra este Sporting, tem, em muitos momentos de jogo, com bola e sem bola, o médio no meio dos dois centrais. Isso parece-me algo que Roger Schmidt devia tentar e já fez com Enzo Fernández. Ou então, no mínimo, dar mais liberdade a Trubin para participar na saída de bola. Algo que não gosto muito pois a pressão num jogo destes é grande e já sabemos o que acontece quando o guarda-redes falha…

Matemática simples

Reparem, é visível nas duas imagens, o Sporting ataca com 3 avançados que muitas vezes vão conseguir fechar as linhas de passe de apenas 2 defesas iniciais. São 3 contra 2, é matemática simples.

A ideia de Schmidt é que conseguindo passar esta linha estará em superioridade numérica mas isso é arriscado e teria de ter outro tipo de avançados. O plano dele só funcionaria se na frente tivesse alvos de passes móveis e não jogadores estáticos e escondidos. O que aconteceu, vezes sem conta, é que o Sporting reciclava a bola muito rápido e o Benfica ficava encostado à sua área. Uma receita para o desastre.

Vamos ver o que o treinador do SLB vai planear para este derby mas parece-me muito difícil ser dominador sem resolver esta questão.

O Fura-Redes é um projeto independente com mais de 10 anos, sempre com destaque para o Sport Lisboa e Benfica e futebol internacional, escrito por Tiago Wemans (furaredes11@gmail.com). Sou sócio do SLB desde Setembro 2001 e apaixonado por futebol desde o Mundial 1994. Por vezes participo no Visão Vermelha Podcast e no Bola na Rede, órgão de comunicação social de Desporto.

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